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Cuidados para prevenir o Alzheimer devem começar cedo

Quanto mais cedo adotarmos bons hábitos, mais distante fica a chance de ter a Doença de Alzheimer

A Doença de Alzheimer pode parecer algo bastante distante para quem tem 20 ou 30 anos. Mas esse mal incurável, que costuma se manifestar na velhice, é muito comum. No Brasil, 7,3% da população idosa tem Alzheimer. E quanto mais envelhecemos, mais chances de ter a doença: alguns estudos apontam que na faixa dos 80 anos, cerca de 40% das pessoas tenham Alzheimer.

Por que então se preocupar com Alzheimer aos 20 ou 30 e poucos anos? Porque alguns hábitos do nosso cotidiano podem ajudar ou prejudicar o cérebro ao longo da vida. E se, desde cedo, atentarmos e investirmos em algumas boas práticas, temos mais chance de driblar a doença e ter uma velhice mais saudável.

Conversamos com Cybelle Maria Diniz Azeredo Costa, Médica Geriatra da UNIFESP e Colaboradora da Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz) para entender melhor o que podemos fazer desde jovens para diminuir as chances de ter essa doença.

Para começar, é importante saber que o Alzheimer não tem apenas uma causa definida. É uma somatória de fatores genéticos, físicos, cognitivos e emocionais.

O fator genético não pode ser modificado: se temos tendência a ter a doença, isso não vai mudar. Mas podemos interferir nos outros fatores. É sabido que doenças como pressão alta, diabetes e colesterol alto têm a ver com o Alzheimer, bem como a obesidade. Uma dieta saudável e a prática regular de exercícios físicos, portanto, podem ajudar a tratar e prevenir esses fatores.

O fator cognitivo também pode ser trabalhado: “Manter o cérebro sempre ativo é fundamental. Novos desafios favorecem a ter uma rede de comunicação dos neurônios sempre ativa e forte”, explica Cybelle. Dar a devida atenção a doenças mentais como depressão e ansiedade e controlar o estresse também são cuidados importantes, pois isso tudo pode prejudicar o funcionamento dos neurônios.

“Uma pessoa jovem, em torno de 20 anos, que pratica exercício, estuda  e aprende desde cedo a proteger e estimular seu cérebro terá um envelhecimento cerebral saudável, reduzindo as chances de ter a doença de Alzheimer. Mas é importante dar estímulo ao cérebro e também fazê-lo repousar”, explica Cybelle.

Quer gabaritar na prevenção do Alzheimer? Coloque a prática de atividades físicas na sua rotina: “150 minutos de exercício moderado por semana, no mínimo!”, recomenda Cybelle. Além disso, fique sempre de olho na pressão sanguínea, diabetes e colesterol, pratique yoga ou meditação 30 minutos por dia e coloque peixes, legumes, castanha e azeite no prato. Tudo isso tem efeito positivo comprovado!

Fonte: https://mdemulher.abril.com.br/saude

Aplicativo melhora cognição de idosos com perda de memória

Desenvolvido por um professor da USP e equipe de neuropsicólogos, o Mente Turbinada já conta com 30 mil usuários

Quem convive com idosos sabe o quanto os lapsos de memória podem afetar negativamente o sistema cognitivo. E não é só impressão: segundo estudo realizado pelo Conectaí, iniciativa do IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística), 40% dos brasileiros têm esquecimentos recorrentes após os 50 anos de idade.

Muitas vezes, a falta de estímulo também pode diminuir significativamente outros papéis cruciais do cérebro como a atenção e a concentração. Foi analisando as queixas dos idosos em seu consultório que, regularmente, reclamavam da perda significativa de memória, mas que não apresentavam nenhuma doença progressiva como o mal de Alzheimer, que o Dr. Paulo Camiz, geriatra, professor da Universidade de São Paulo e do Hospital das Clínicas, decidiu agir e desenvolveu, o aplicativo Mente Turbinada.

Especialistas da área têm considerado o cérebro como um órgão plástico. “Que pode e deve ser exercitado como um músculo, ou seja, quanto mais você estimular, mais ele irá se desenvolver”, explica o Dr. Paulo. Desenvolvido há três anos pelo médico e por uma equipe de neuropsicólogos da Universidade de São Paulo, a plataforma disponível hoje nas versões web, iOS e Android, foi ao ar em janeiro de 2016. “Vi que havia uma demanda muito grande dos meus pacientes, eles não tinham nenhuma doença, mas sofriam muito com o excesso de informação e a rotina, muitas vezes sedentária de um idoso”, explica. Hoje, o aplicativo possui mais de 30 mil usuários, e pode ser usado gratuitamente, mas também dispõe de uma parte paga, que disponibiliza mais recursos para o usuário.

A plataforma reúne jogos que buscam aprimorar pontos cruciais no desenvolvimento cerebral como atenção, concentração, raciocínio, cálculo e memória. O aplicativo também possui um método individualizado para cada pessoa, por exemplo, se um usuário está com um déficit de atenção, ele sugerirá mais testes de atenção. E, aos poucos, irá aumentando os níveis de dificuldade, de acordo com o progresso do usuário. “Ele também tem se mostrado uma forma potente e eficaz de prevenir doenças degenerativas. Pode, inclusive, ser usado por pessoas que já possuam em um estágio mais inicial e que tenham familiaridade com aparelhos tecnológicos, mesmo que seja pequena”, pontua o geriatra.

Fonte: https://claudia.abril.com.br

Geração com mais de 50 anos revoluciona velhice e cria ‘gerontolescência’, diz guru da longevidade

Envelhecer não é mais o que era antes graças aos baby boomers, que estão transformando esse período e vivendo de forma diferente das gerações anteriores – é o que diz uma das maiores autoridades em envelhecimento do mundo, o médico brasileiro Alexandre Kalache.

Em entrevista à BBC Brasil, Kalache diz que o brasileiro terá que trabalhar mais tempo “quer goste ou não”, acima de tudo porque terá uma vida mais longa. Mas a boa notícia, afirma, é que a chegada à velhice da geração do pós-guerra cria uma nova construção social, o que chamou de gerontolescência.

Segundo Kalache, os baby boomers – geração que nasceu no pós-guerra (1945-1964) e que atualmente tem mais de 50 anos – estão revolucionando a velhice e transformando o período em uma nova fase porque são em maior número, têm um nível de saúde e vitalidade maior e melhor formação do que as gerações que envelheceram antes deles.

Para o médico, que atuou como diretor de envelhecimento na Organização Mundial da Saúde e já lecionou sobre o tema em universidades como a de Oxford, isso abre a possibilidade de promoção de uma nova forma de envelhecer, que vem sendo construída socialmente por esse grupo.

“A gente revolucionou o conceito de fazer a transição da infância para a idade adulta e criamos uma coisa que não havia antes da Segunda Guerra Mundial, que é a adolescência”, explica Kalache, ao explicar que a adolescência como construção social não existia antes dos anos 1950.

“Fizemos muita coisa que está aí: a revolução sexual, a pílula, as revoluções musicais, a luta contra a ditadura – não vou deixar de ser essa mesma pessoa de 50 anos atrás. Eu e esse grupo todo, os baby boomers, estamos envelhecendo com isso tudo como legado. E daqui a um tempo vamos olhar para trás e ver que, assim como criamos a adolescência há alguns anos, estamos criando a gerontolescência”, diz ele.

Para ele, no entanto, há uma diferença entre essas duas construções sociais. “A adolescência deve durar quatro ou cinco anos – se durar mais tem algo errado. Mas a gerontolescência é para durar 20, 30, 40 anos. É muito tempo para a gente se rebelar, virar a mesa.”

Encarando a morte

Para tratar do tema do envelhecimento em palestras, Kalache costuma pedir à plateia que imagine rapidamente como vai morrer. O exercício, segundo ele, serve para mostrar como há uma “idealização da morte que já não é mais a regra”.

Isso porque, diz ele, “vamos morrer mais velhos, mais doentes e mais lentamente do que muitos imaginam”.

“A gente tem que se preparar para uma vida muito mais longa e pensar no processo de morte, porque no Brasil três quartos das mortes são de pessoas idosas e por doenças crônicas, inclusive aquelas arrastadas que causam sofrimento e despesas. Então é preciso tentar assegurar qualidade de vida até o final.”

E essa é uma realidade que deve ser levada em conta especialmente no Brasil, que envelhece a passos largos. Estimativas da Organização das Nações Unidas apontam que até 2050 o Brasil terá 64 milhões de idosos – ou 30% da população, em comparação aos atuais 12%. Em 2001 esse total era de apenas 9%. Em menos tempo – em 2025 – o país deverá ocupar o sexto lugar em número de idosos no mundo.

Para Kalache, além de estar envelhecendo rapidamente, o Brasil percorre esse caminho em um padrão sem precedentes.

“Estamos envelhecendo com uma grande parcela da população em pobreza. É um desafio grande porque não temos precedentes, modelos. Nenhum país até hoje envelheceu sem ser rico. E estamos envelhecendo rápido e ao mesmo tempo sem recursos para políticas sociais e de saúde que possam responder a uma população já muito envelhecida, como seremos em três décadas.”

Mais trabalho

Então vamos ter que trabalhar mais? Kalache, que atualmente preside o Centro Internacional Longevidade Brasil, responde que sim, e vai além: critica o “luxo” do nosso sistema previdenciário atual.

“Vai ter que trabalhar mais tempo? Eu acho que sim. Um país como o Brasil que se dá ao luxo de ter a aposentadoria média aos 54 anos é um país inviável. Não existe nenhum país que tenha conseguido por muito tempo manter tanta gente aposentada, sobretudo porque a base da pirâmide, que são os jovens, está diminuindo. Então, a gente goste ou não, vamos ter que nos preparar para uma vida laboral mais longa. E já que vai ter que trabalhar mais tempo, vamos trabalhar para ter projetos e para ser estimulante”, opina.

Por isso, segundo ele, será necessário pensar em uma política pró-natalidade para equilibrar a pirâmide social, ou seja, ter uma proporção menos desigual de jovens e idosos no país, e ainda garantir um envelhecimento melhor aos mais velhos.

Ele afirma que, para isso, são necessários quatro capitais fundamentais: saúde, conhecimento para não se tornar obsoleto (o manter-se antenado), bem-estar financeiro e bem-estar social (ou o “capricho nas relações para ter para a quem recorrer quando o negócio apertar”).

“A gente sabe que a pensãozinha só no fim da vida não vai dar conta. Aproveite para fazer suas economias porque, no final da vida, a gente precisa de mais renda e mais dinheiro, e não de menos.”

Fonte: www.bbc.com/portuguese