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Internet pode beneficiar a memória?!

Acredite: a tecnologia tem tudo para se tornar uma grande aliada do cérebro dos mais velhos

Para quem já está acostumado com o mundo digital, ações como o clique duplo ou o Ctrl+c e Ctrl+v parecem básicas. Porém, para as mulheres acima de 65 anos que fizeram parte de um estudo da Universidade de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, esses comandos propiciaram ganhos em suas capacidades cognitivas.

Elas participaram de 15 oficinas de navegação na internet e, ao fim do experimento, um questionário indicou uma melhora significativa na memória e na atenção. Já outro grupo, que permaneceu offline, teve uma piora nas mesmas funções.

“É natural que certas habilidades diminuam com o envelhecimento. Mas mostramos que é possível estimular a cognição dos idosos com o uso do computador”, conta a psicóloga Mônica Kieling, autora da pesquisa.

4 dicas para dar início à vida digital

Faça um roteiro
Escreva um passo a passo com todas as instruções para fazer o básico. Isso inclui senhas e como ligar e desligar a máquina.

Perca o medo
Um dos maiores receios dos idosos é estragar o computador. Não se preocupe: ele é resistente. Pode explorar à vontade.

Procure ajuda
Pergunte se familiares ou amigos podem auxiliar no começo. Mas atenção: o professor tem de ser paciente.

Vá com calma
Não tente assimilar tudo de uma só vez. Aprender três novas coisas com uma hora de prática já é mais do que suficiente.

Fonte: www.saude.abril.com.br

Reforma na lei dos planos de saúde deve dar equilíbrio financeiro para empresas, diz relator

Relator da Comissão Especial sobre Planos de Saúde, deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), diz que é preciso “racionalizar” o sistema de saúde suplementar, que contempla quase 25% da população brasileira, dando equilíbrio econômico-financeiro para as empresas.

“Não podemos perder de vista que esta é uma atividade privada”, afirmou o deputado, durante audiência pública sobre os reajustes das mensalidades nos planos privados de assistência coletiva por adesão.

Na visão do relator, muitas vezes o Judiciário “transborda” o que determina a Constituição — “saúde um direito da população brasileira e dever do Estado” — e passa obrigações para os operadores privados. “A saúde suplementar complementa o sistema de saúde do governo, mas não pode e não deve ser confundido com o Sistema Único de Saúde (SUS)”, afirmou.

O relator observou ainda que a incorporação das novas tecnologias impacta os operadores privados, que repassam os custos para os usuários, fazendo com que o peso dos planos no orçamento familiar fique abusivo. Segundo ele, há muitos interesses a serem conciliados na proposta que vai apresentar – o dos pacientes, o das operadoras e dos médicos, por exemplo.

Marinho acrescentou que vai apresentar até o final de agosto o substitutivo às mais de 140 propostas que estão sendo analisadas pelo colegiado. A comissão visa reformar a Lei dos Planos de Saúde (Lei 9.656/98), e os projetos analisados tramitam em regime de urgência.

Médicos e reajustes

O presidente da comissão especial, deputado Hiran Gonçalves (PP-RR), afirmou que a classe médica ten sido colocada de lado na relação com os planos de saúde, lembrando que os médicos recebem de R$ 40 a R$ 70 por consulta.

“Espero que os médicos sejam contemplados no relatório”, completou.

Já a deputada Carmem Zanotto (PPS-SC), que pediu a realização da audiência, afirmou que os reajustes nos planos de saúde coletivos por adesão, fixados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), têm variado de 10% a 50%. Para a deputada, cláusulas contratuais que preveem, genericamente, reajuste de mensalidades são abusivas e, portanto, nulas de pleno direito.

O advogado especialista em direito em Saúde, Rodrigo Araújo, afirma que, atualmente, a maior dificuldade enfrentada pelo consumidor de planos de saúde é o custo do serviço e o reajustamento. Ele lembra que, de janeiro de 2015 até junho de 2016, as operadoras de saúde perderam mais de 3 milhões de beneficiários, mas houve a compensação dessa receita através da aplicação de reajustes não fiscalizados e nem controlados pela ANS. Prova disso, diz ele, é o fato de as operadoras, mesmo diante da evasão de clientes, terem aumentado o lucro de 2016 em 70,6% em comparação com o ano de 2015, conforme amplamente divulgado pela imprensa em junho desse ano:

— Portanto, a preocupação da Câmara dos Deputados em garantir o equilíbrio financeiro das operadoras é válida, mas não justifica a alteração da Lei para excluir Direitos conquistados pelos consumidores a duras penas durante a década de 90 e que decorreram de muitos anos de luta contra abusividades cometidas pelos fornecedores de serviços e de produtos. Quem, na verdade, precisa da interferência do Poder Legislativo para garantir esse equilíbrio financeiro é o consumidor, que precisa comprometer uma fatia cada vez maior de seu salário para pagar o plano de saúde, já que o reajuste desse serviço tem sido muito superior ao reajuste de salários.

Envelhecimento da população

O diretor-presidente da Seguradora Unimed, Helton Freitas, no entanto, disse que os planos de saúde têm sido reajustados abaixo da inflação do setor — embora acima da inflação geral— e que tem diminuído o número de pessoas que possuem planos de saúde no Brasil.

“O segmento mais atingido foi o das empresas, que não conseguem mais pagar o plano de saúde de seus funcionários”, informou.

De acordo com ele, apenas no “segmento de pessoas idosas” tem havido aumento de contratação de planos de saúde. Para Freitas, a reforma da lei deve incluir a discussão sobre o impacto do envelhecimento populacional sobre o sistema de saúde suplementar:

“As pessoas idosas adoecem mais: uma pessoa de 80 anos tem gastos 13 vezes maior para os planos do que os jovens”.

Ele pediu um marco legal “enxuto e reconhecido”, que reforce o valor dos contratos e que seja complementado pela regulamentação.

“A lei tem que regular menos; a agência, regular mais”, opinou.

Para ele, a regulação excessiva do governo retira a atratividade para os investimentos.

O diretor da Unimed afirmou ainda que o “crescimento exponencial” da judicialização no setor é um dos fatores que prejudicam o equilíbrio econômico-financeiro dos operadores de planos de saúde. Na visão dele, a Justiça muitas vezes tem ignorado o marco regulatório do setor em suas decisões.

Fonte: www.oglobo.com

Geração com mais de 50 anos revoluciona velhice e cria ‘gerontolescência’, diz guru da longevidade

Envelhecer não é mais o que era antes graças aos baby boomers, que estão transformando esse período e vivendo de forma diferente das gerações anteriores – é o que diz uma das maiores autoridades em envelhecimento do mundo, o médico brasileiro Alexandre Kalache.

Em entrevista à BBC Brasil, Kalache diz que o brasileiro terá que trabalhar mais tempo “quer goste ou não”, acima de tudo porque terá uma vida mais longa. Mas a boa notícia, afirma, é que a chegada à velhice da geração do pós-guerra cria uma nova construção social, o que chamou de gerontolescência.

Segundo Kalache, os baby boomers – geração que nasceu no pós-guerra (1945-1964) e que atualmente tem mais de 50 anos – estão revolucionando a velhice e transformando o período em uma nova fase porque são em maior número, têm um nível de saúde e vitalidade maior e melhor formação do que as gerações que envelheceram antes deles.

Para o médico, que atuou como diretor de envelhecimento na Organização Mundial da Saúde e já lecionou sobre o tema em universidades como a de Oxford, isso abre a possibilidade de promoção de uma nova forma de envelhecer, que vem sendo construída socialmente por esse grupo.

“A gente revolucionou o conceito de fazer a transição da infância para a idade adulta e criamos uma coisa que não havia antes da Segunda Guerra Mundial, que é a adolescência”, explica Kalache, ao explicar que a adolescência como construção social não existia antes dos anos 1950.

“Fizemos muita coisa que está aí: a revolução sexual, a pílula, as revoluções musicais, a luta contra a ditadura – não vou deixar de ser essa mesma pessoa de 50 anos atrás. Eu e esse grupo todo, os baby boomers, estamos envelhecendo com isso tudo como legado. E daqui a um tempo vamos olhar para trás e ver que, assim como criamos a adolescência há alguns anos, estamos criando a gerontolescência”, diz ele.

Para ele, no entanto, há uma diferença entre essas duas construções sociais. “A adolescência deve durar quatro ou cinco anos – se durar mais tem algo errado. Mas a gerontolescência é para durar 20, 30, 40 anos. É muito tempo para a gente se rebelar, virar a mesa.”

Encarando a morte

Para tratar do tema do envelhecimento em palestras, Kalache costuma pedir à plateia que imagine rapidamente como vai morrer. O exercício, segundo ele, serve para mostrar como há uma “idealização da morte que já não é mais a regra”.

Isso porque, diz ele, “vamos morrer mais velhos, mais doentes e mais lentamente do que muitos imaginam”.

“A gente tem que se preparar para uma vida muito mais longa e pensar no processo de morte, porque no Brasil três quartos das mortes são de pessoas idosas e por doenças crônicas, inclusive aquelas arrastadas que causam sofrimento e despesas. Então é preciso tentar assegurar qualidade de vida até o final.”

E essa é uma realidade que deve ser levada em conta especialmente no Brasil, que envelhece a passos largos. Estimativas da Organização das Nações Unidas apontam que até 2050 o Brasil terá 64 milhões de idosos – ou 30% da população, em comparação aos atuais 12%. Em 2001 esse total era de apenas 9%. Em menos tempo – em 2025 – o país deverá ocupar o sexto lugar em número de idosos no mundo.

Para Kalache, além de estar envelhecendo rapidamente, o Brasil percorre esse caminho em um padrão sem precedentes.

“Estamos envelhecendo com uma grande parcela da população em pobreza. É um desafio grande porque não temos precedentes, modelos. Nenhum país até hoje envelheceu sem ser rico. E estamos envelhecendo rápido e ao mesmo tempo sem recursos para políticas sociais e de saúde que possam responder a uma população já muito envelhecida, como seremos em três décadas.”

Mais trabalho

Então vamos ter que trabalhar mais? Kalache, que atualmente preside o Centro Internacional Longevidade Brasil, responde que sim, e vai além: critica o “luxo” do nosso sistema previdenciário atual.

“Vai ter que trabalhar mais tempo? Eu acho que sim. Um país como o Brasil que se dá ao luxo de ter a aposentadoria média aos 54 anos é um país inviável. Não existe nenhum país que tenha conseguido por muito tempo manter tanta gente aposentada, sobretudo porque a base da pirâmide, que são os jovens, está diminuindo. Então, a gente goste ou não, vamos ter que nos preparar para uma vida laboral mais longa. E já que vai ter que trabalhar mais tempo, vamos trabalhar para ter projetos e para ser estimulante”, opina.

Por isso, segundo ele, será necessário pensar em uma política pró-natalidade para equilibrar a pirâmide social, ou seja, ter uma proporção menos desigual de jovens e idosos no país, e ainda garantir um envelhecimento melhor aos mais velhos.

Ele afirma que, para isso, são necessários quatro capitais fundamentais: saúde, conhecimento para não se tornar obsoleto (o manter-se antenado), bem-estar financeiro e bem-estar social (ou o “capricho nas relações para ter para a quem recorrer quando o negócio apertar”).

“A gente sabe que a pensãozinha só no fim da vida não vai dar conta. Aproveite para fazer suas economias porque, no final da vida, a gente precisa de mais renda e mais dinheiro, e não de menos.”

Fonte: www.bbc.com/portuguese