Vacinação em queda no Brasil preocupa autoridades por risco de surtos e epidemias de doenças fatais

Desde 2013, a cobertura de vacinação para doenças como caxumba, sarampo e rubéola vem caindo ano a ano em todo o país e ameaça criar bolsões de pessoas suscetíveis a doenças antigas, mas fatais. O desabastecimento de vacinas essenciais, municípios com menos recursos para gerir programas de imunização e pais que se recusam a vacinar seus filhos são alguns dos fatores que podem estar por trás da drástica queda nas taxas de vacinação do país.

O Brasil é reconhecido internacionalmente por seu amplo programa de imunização, que disponibiliza vacinas gratuitamente à população por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Criado em 1973, o Programa Nacional de Imunização (PNI) teve início com quatro tipos de vacina e hoje oferece 27 à população, sem qualquer custo. Nem mesmo a crise econômica afeta o bilionário orçamento da iniciativa, estimado em R$ 3,9 bilhões para 2017.

No entanto, a cobertura vacinal no país está em queda. Números do PNI analisados pela BBC Brasil mostram que o governo tem tido cada vez mais dificuldade em bater a meta de vacinar a maior parte da população. Um exemplo é a poliomielite: a doença, responsável pela paralisia infantil, está erradicada no país desde 1990.

Em 2016, no entanto, o país registrou a pior taxa de imunização dos últimos doze anos: 84% no total, contra meta de 95%, recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Os dados de 2016 são parciais até outubro, mas emitidos após a campanha nacional de multivacinação, finalizada em setembro.

Para o governo, é cedo para dizer se há tendência de queda real ou se são oscilações por mudanças em curso no sistema de notificação – porém, os números já preocupam. “Ainda é muito precoce para dizer se há oscilação real, mas estamos preocupados, sim. O sinal amarelo acendeu,” afirma Carla Domingues, coordenadora do Programa Nacional de Imunização.

Os riscos

O que o governo mais teme é que a redução de pessoas vacinadas crie bolsões de indivíduos suscetíveis a doenças antigas e controladas no país. Em um grupo como esse, a presença de apenas uma pessoa infectada poderia causar um surto de grandes proporções.

Foi o que houve nos Estados do Ceará e Pernambuco entre 2013 e 2015. Após quase dez anos com cobertura de vacinação acima de 95% contra sarampo, caxumba e rubéola, em 2013 houve forte queda na cobertura de pessoas vacinadas nos dois Estados, seguida por um surto de sarampo que teve início no Pernambuco e se alastrou para 38 municípios do Ceará.

Ao todo, foram 1.277 casos nos dois Estados. Antes do surto, o Brasil não registrava um caso autóctone de sarampo desde 2000. Casos isolados desde então eram importados de outros países.

Em 1997, antes desse surto, a chegada em São Paulo de um único bebê infectado com sarampo, vindo do Japão, causou uma epidemia de proporções subcontinentais. O vírus infectou 53.664 pessoas no Brasil e se alastrou para países da América do Sul, deixando dezenas de mortos. Dois anos antes, uma extensa campanha de vacinação contra o sarampo havia ficado abaixo da meta de 95% em todo o país – no Sudeste, atingiu apenas 76,91%.

“Quando há queda nas taxas de imunização você vai criando um grupo de pessoas suscetíveis. Esse grupo vai crescendo ao longo do tempo, até chegar ao ponto em que a importação de um único caso gera uma epidemia”, explica Expedito Luna, médico e professor de epidemiologia do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (USP).

“Nós sabemos que é muito difícil atingir a totalidade de 100% das crianças vacinadas. Mas ao chegar próximo a esse nível, a chance de epidemia é muito pequena, mesmo na presença de um agente infeccioso”, diz.

Movimento antivacina

De acordo com Carla Domingues, há diversos fatores que podem estar por trás dos números em queda e um deles pode ser a recusa, que tem aumentado nos últimos anos, de pais em vacinar seus filhos. “Os dados de 2016 mostram menor cobertura vacinal para a poliomielite. Pode ser por fatores sazonais, mas a resistência das pessoas é algo que está nos chamando a atenção,” diz.

Com mais vacinas disponíveis, algumas famílias optam por quais aplicar em seus filhos. Outras preferem evitar a vacinação das crianças, por julgá-las saudáveis. Há ainda os que preferem evitar que os filhos sejam vacinados por razões religiosas, ou os que temem reações adversas – na Grã-Bretanha, por exemplo, houve um intenso debate no final dos anos 90 quando um médico sugeriu, em um estudo, uma ligação entre a vacina tríplice viral e casos de autismo.

Essa decisão individual – de vacinar os filhos ou não – acaba impactando o número de pessoas protegidas contra doenças transmissíveis, mas preveníveis, e criando grupos suscetíveis.

Grupos antivacina são tão antigos quanto os programas de imunização, iniciados no século 19, quando reações adversas eram mais frequentes. No Brasil, especialistas acreditam que os grupos são menos expressivos que na Europa e nos Estados Unidos, mas notam que há relatos cada vez mais frequentes de pais que optam por não vacinar seus filhos, principalmente entre os mais ricos. Essa decisão explica porque esse grupo tem as menores taxas de cobertura vacinal, juntamente com os mais pobres, mas por razões distintas.

“Pessoas de estratos econômicos mais elevados, alimentadas por informações não científicas, acabam selecionando quais vacinas querem tomar e alguns até abdicam de tomar todas. Por outro lado, você tem dificuldade nos grupos mais pobres, uma dificuldade de acesso aos serviços de saúde”, afirma José Cassio de Moraes, professor do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, que publicou em 2007 um estudo comparando as taxas de cobertura entre as duas populações.

Para impulsionar a imunização e atingir as metas da OMS, o governo tem trabalhado nas escolas, em parceria com o Ministério da Saúde, para atingir crianças e jovens e lembrar as famílias sobre a importância de evitar o retorno de doenças antigas.

“A minha filha não viu amigos com poliomielite. Mas, na minha época, a primeira fileira na sala de aula era deixada para alunos com pólio”, relembra a coordenadora do PNI. “A minha geração tinha pânico de ser contaminada, já hoje as pessoas não veem a doença e ficam mais relaxadas. Mas as crianças hoje são saudáveis porque seus avós e pais foram vacinados no passado”, afirma.

“O mecanismo que faz com que vacina seja importante é a prevenção – ela não é curativa, ela é preventiva. Ela é dada no paciente saudável, para que possa criar anticorpos que o permitam responder à doença se houver contato com a bactéria ou vírus. A resposta não deve ser apenas quando há doença circulando, mas de maneira preventiva”, ressalta.

Desabastecimento e recursos escassos

Além do fator comportamental, problemas com o abastecimento de vacinas essenciais e municípios com menos dinheiro para gerir os programas de imunização também são apontados como fatores importantes.

Desde 2015, o país registra o desabastecimento de diversas vacinas. Do início de 2016 até junho desse ano, houve acesso limitado à vacina pentavalente acelular, que protege contra difteria, tétano, coqueluche, meningite provocada pela bactéria Haemophilus influenzae tipo b e poliomielite. Também houve dificuldades com a BCG, que protege contra a tuberculose e é a primeira vacina dada ao recém-nascido.

Em julho, o Ministério da Saúde afirmou que a oferta da pentavalente havia sido regularizada, mas classificou como “crítico” o abastecimento das vacinas tríplice viral, tríplice bacteriana acelular infantil (DTPa) e rotavírus, todas parte do calendário de vacinação nacional. Para a DTPa, a previsão é que o abastecimento seja regularizado neste segundo semestre, enquanto as demais seguem sem expectativa de normalização.

Para Luna, a falta de vacinas nos postos de saúde, mesmo por alguns dias, pode afetar a cobertura. “A mãe pode não voltar,” diz. Já a escassez de recursos nos municípios, responsáveis pelos programas de vacinação, diminuiu horários disponíveis para vacinação e reduziu o número salas em que o serviço é feito, o que impacta na cobertura.

“Sabemos que há municípios que tinham várias salas de vacina e concentraram em apenas uma. Será que isso piorou o acesso da população? Será que há profissionais o suficiente para vacinar, para evitar filas? Precisamos ver se não estamos burocratizando o processo de vacinação, o que dificulta o acesso,” afirma Moraes.

Ele defende um estudo profundo do Ministério da Saúde para compreender a queda nos índices de imunização e evitar que o país retroceda nesse quesito e enfrente consequências graves. A Europa é um exemplo dessas eventuais consequências. Apesar do alto nível socioeconômico, um surto de sarampo já infectou 14 mil pessoas neste ano, e a doença é considerada endêmica em 14 países da região, incluindo Alemanha, França e Romênia. Só nesse último, foram 31 mortes desde 2016. As taxas em queda de vacinação são um dos principais fatores para o surto.

“Há um fluxo de pessoas que visitam a Europa que podem retornar e trazer o sarampo de volta ao Brasil. Se encontrar um bolsão de pessoas suscetíveis aqui, pode haver uma epidemia, essa é uma doença altamente contagiosa”, alerta Moraes. “Não podemos perder nossas conquistas e essas são muito fáceis de perder. Progredir e manter o progresso é que é difícil.”

Fonte: www.bbc.com/portuguese

Mortes por tabagismo podem chegar a 7,5 mi por ano, diz OMS

Tabagismo é a principal causa de morte evitável no mundo

Levantamento da Organização Mundial da Saúde aponta que, em 2020, o número de mortes causadas pelo tabagismo será de 7,5 milhões. De acordo com a organização, o hábito de fumar é a principal causa de morte evitável no mundo. Em 2011, o fumo foi responsável por cerca de 6 milhões de mortes por ano.

Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2013 revelou que 21,9 milhões (15%) de brasileiros maiores de 18 anos eram usuários de produtos derivados do tabaco. Além disso, o uso de produtos de tabaco fumado era mais frequente do que o de produtos não fumados, como o rapé, sendo mais relevante o cigarro industrializado.

E é na adolescência que, na maioria dos casos, o hábito é estabelecido, de acordo com o IBGE. A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), de 2015, revelou que 18,4% dos alunos do 9º ano do ensino fundamental já haviam experimentado algum tipo de cigarro. Na mesma publicação, 26,2% dos estudantes tinham, pelo menos, um dos pais fumantes.

Pesquisa Especial de Tabagismo

Desde 2008, o IBGE está engajado na luta contra o fumo no Brasil, com o início da Pesquisa Especial de Tabagismo (PETab), que aperfeiçoou o questionário do Center for Disease Control and Prevention, continuado na PNS 2013.

Fonte: www.brasil.gov.br/saude

Por que amêndoas ajudam no controle do colesterol

Colocar um punhado dessas oleaginosas na rotina faz um bem danado às artérias

Não é de hoje que os cientistas sabem que incluir amêndoas no dia a dia ajuda a diminuir os níveis do colesterol LDL, considerado fator de risco para doenças cardíacas. Contudo, pouco se conhece sobre o efeito dessa oleaginosa no HDL, o colesterol visto como benéfico. Pois a pesquisadora Penny Kris-Etherton, da Universidade Penn State, nos Estados Unidos, decidiu tirar o atraso nessa área.

Ela conduziu um estudo com a intenção de observar se amêndoas poderiam não só aumentar como melhorar a função do HDL, que atua basicamente removendo a gordura das artérias e transportando-a pelo corpo, com o objetivo de eliminá-lo. “O HDL é muito pequeno quando liberado na circulação. Mas, como um saco de lixo, vai ficando maior e mais esférico à medida que tira colesterol das células e tecidos”, contou Kris-Etherton, em comunicado ao site da universidade.

Dependendo de quanto colesterol ele consegue coletar, o HDL é categorizado em cinco subtipos. E os cientistas esperavam que a ingestão de amêndoas resultasse nas partículas maiores, o que significaria mais eficiência na hora de executar a tal da limpeza nos vasos.

Para confirmar esse dado, eles recrutaram 48 homens e mulheres com colesterol LDL elevado. Durante seis semanas, esse pessoal recebeu dietas idênticas, incluindo um lanchinho diário representado por 43 gramas de amêndoas – o equivalente a uma mão cheia do alimento. Depois desse período, o snack mudou. Por mais seis semanas eles continuaram a dieta, mas passaram a ganhar um muffin de banana no intervalo das refeições.

Ao comparar os dois momentos, os cientistas perceberam que, em relação à dieta com muffin, a inclusão da amêndoa aumentou em 19% os níveis daquele HDL maior e mais maduro. Além disso, a presença da oleaginosa melhorou em 6,4% a atuação dessa partícula.

A pesquisadora Kris-Etherton afirmou que, embora as amêndoas não eliminem o risco de doença cardíaca, podem ser escolhas espertas para um lanche. Até porque esse alimento oferta uma boa dose de gorduras boas, vitamina E e fibras.

“As amêndoas não são a cura para tudo, mas, quando consumidas em moderação e no lugar de itens com baixo valor nutricional, são ótimos complementos para uma dieta equilibrada”, disse. Segundo ela, dá para esperar muitos benefícios com essa medida – e não só para o coração.

Fonte: www.saude.abril.com.br

Pregorexia: o transtorno alimentar que pode surgir na gravidez

Caracterizado pela obsessão em não engordar ao longo da gestação, o problema pode acarretar em má formação do bebê. Saiba mais!

Por mais que exista uma lista enorme de sintomas que caracterizam o corpo da mulher grávida, o barrigão lindo que guarda o bebê em formação sempre será a mudança mais marcante no espelho. Há quem lide com essas curvas de forma natural e até se sinta mais bonita, aproveitando o momento para fazer ensaios sensuais ou registros fofos do crescimento do pequeno ao longo dos nove meses. Mas nem toda mulher consegue se sentir confortável na própria pele com essa imagem logo de cara.

Quando a mulher se esforça para manter um corpo em forma, pode não ser fácil abraçar os quilos extras da gestação tão rapidamente. E o problema começa quando essa preocupação toma conta da futura mãe e o controle do ganho de peso vira o foco da gravidez. Pouco falada no círculo da maternidade, a pregorexia vem ganhando a atenção dos especialistas por atingir exatamente esse grupo de grávidas, que querem ficar magras a todo custo e acabam colocando a saúde do bebê em risco ao reduzirem drasticamente o consumo de calorias. Saiba mais sobre o distúrbio!

O que é a pregorexia?

A palavra vem da junção do termo pregnant (“grávida”, em inglês) com anorexia. Ainda pouco estudada pelos médicos, a pregorexia é “um transtorno alimentar que se caracteriza pela obsessão em manter o peso pré-gestacional durante a gravidez”, define a nutricionista Kátia Ushiama, do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, de São Paulo. Mulheres que já apresentaram doenças do gênero, como anorexia e bulimia, e também grávidas mais jovens (que costumam valorizar demais a aparência) estão mais sujeitas a passar pelo problema.

Como identificar?

É comum os casos serem notados por pessoas próximas e não pela própria grávida. Por ser um transtorno também psicológico, o autodiagnóstico pode ser difícil! Para não deixar que ele passe despercebido, atente-se a comportamentos como:

– Obsessão pela forma física (a futura mãe não fica feliz ao perceber as mudanças do corpo);

– Medo exagerado de engordar (o controle da balança se torna prioridade);

– Controle excessivo sobre os alimentos que consome (como exclusão de doces e gorduras, sem prescrição médica).

Essas atitudes extremas são características desse distúrbio alimentar. Vale lembrar que em uma gravidez saudável, a mulher dentro do peso adequado (com Índice de Massa Corporal entre 18,5 e 24,9) pode ganhar de 11 a 16 quilos, seguindo uma rotina normal de alimentação e exercícios.

Quais riscos a pregorexia apresenta para a mãe e para o bebê?

“A má alimentação pode desencadear um quadro de anemia na mãe, isto é, a redução de ferro na corrente sanguínea. A condição gera dificuldade de oxigenação nos tecidos e pode afetar o desenvolvimento do feto”, explica a nutricionista. A fase da gestação em que o transtorno dá as caras é que vai determinar as consequências para a saúde do bebê – entre elas estão a má formação e a restrição de crescimento.

Como é o tratamento?

Quando o problema é detectado, o médico geralmente sugere um tratamento multiprofissional, com psicólogo e nutricionista. “É feito um trabalho de compreensão com a paciente, para que ela entenda que o ganho de peso na gestação é natural, necessário e transitório. Totalmente reversível após a gravidez“, diz a nutricionista.

Fonte: www.bebe.abril.com.br

Realidade virtual chega à terapia para tratar fobias e ansiedade

Parece episódio dos Jetsons, mas é apenas a tecnologia sendo bem empregada

Imagine a situação: você procura uma psicóloga para tratar ansiedade ou alguma fobia e, na primeira consulta, ela lhe oferece parte do tratamento em sessões de realidade virtual. Assim, de cara, pode parecer estranho, né? Mas é uma tendência: já são mais de 300 profissionais no mundo todo aproveitando esse auxílio tecnológico com seus pacientes.

No Brasil, uma das pioneiras no uso da realidade virtual em terapia para fobias e ansiedade é a psicóloga Nataly Martinelli. Conversamos com ela para entender melhor como funciona esse negócio de colocar óculos no rosto dos pacientes, exibir imagens do que lhes causa fobia ou ansiedade e monitorar suas reações àquilo que precisa ser tratado.

Para começar, quais são os casos passíveis de tratamento com realidade virtual?

Nataly – São muitos: síndrome do pânico, fobia de viajar de avião, fobia de injeções e agulhas, fobia de animais, medo de dirigir, medo de falar em público, agorafobia [medo de estar em lugares ou situações que possam causar constrangimento ou pânico], medo do escuro, claustrofobia [medo de ficar em ambientes fechados], TOC [transtorno obsessivo compulsivo], ansiedade e ansiedade antes de exames ou provas.

Qual é a vantagem de usar realidade virtual em um tratamento psicológico? O que ela oferece que a “realidade real” não é capaz de oferecer?

No tratamento convencional de fobias e ansiedade, o enfrentamento do medo é feito pela imaginação, com situações sendo sugeridas e o paciente pensando nelas. Só lá no final pode haver uma saída a campo, monitorada, para a pessoa vivenciar tudo de uma vez. O tratamento com realidade virtual é mais imediato e intenso, porque as situações são colocadas diante dos olhos do paciente, literalmente, nas imagens exibidas nos óculos.

Como a pessoa consegue ver cenas vívidas do que causa fobia ou ansiedade sem que isso lhe cause ainda mais pavor ou sensações ruins?

Ela vai enfrentando aos poucos e eu controlo todo o processo, para ser gradativo. Controlo inclusive as características do ambiente, como a temperatura do consultório, para se adequarem à situação que é mostrada nas cenas dos óculos. É como em um videogame, o paciente passa por fases. E só passa para um nível mais avançado de sensibilização quando já tiver assimilado aquele nível em que ele estiver, já estiver pronto para algo mais.

De que maneira você sabe que ele está pronto para avançar? Como se mede isso?

Além dos óculos, o paciente usa eletrodos colocados no dedo indicador e no dedo médio. Uso uma ferramenta de bio-feedback que roda no computador durante toda a sessão e mede o suor, a tensão e a ansiedade, em ondas. Analiso a tendência das variações, se esses sinais estão subindo e em que velocidade. Quando eles começam a estabilizar, significa que ele está pronto para seguir adiante.

E se o desenvolvimento for pelo outro caminho e esses sinais subirem muito e muito rápido?

Daí eu preciso intervir e interromper a simulação. Mas não é abrupto, é bem numa boa. Mando a mensagem por escrito, pela tela dos óculos, que é hora do relaxamento. Começamos a fazer respiração diafragmática, para diminuir o nível de estresse, e um relaxamento muscular progressivo.

Já aconteceu de algum paciente pedir para parar, por estar achando tudo forte demais?

Não, nunca chegou a esse ponto, porque eu sempre consigo controlar pela ferramenta e pelo monitoramento. Por isso é tão importante o acompanhamento atento. Mas já aconteceu de uma paciente relatar que tinha reações fisiológicas muito intensas depois das sessões. Em resumo, ela precisava ir direto para o banheiro. A simulação nos óculos é realmente muito intensa, viva, real.

Nessa parte de realidade virtual, o tratamento fica à mercê do computador? O que acontece se ele falhar?

O funcionamento do programa depende do computador e da internet, sim. É muito raro falhar, muito raro mesmo, mas já aconteceu. Daí parto para o plano B, que é fazer uma sessão convencional de terapia, com hipnose e técnicas de relaxamento. Sempre tenho os planos B e C para as sessões. A tecnologia é maravilhosa, sem dúvida, mas não podemos ficar reféns dela.

Se a parte tecnológica colabora, a realidade virtual é obrigatória em todas as sessões desse tipo de tratamento?

Não, de forma alguma. Há vezes em que a pessoa chega querendo conversar sobre alguma situação que viveu relacionada à sua fobia ou à sua ansiedade, e daí essa será uma sessão de escuta, tradicional. Nada deve ser obrigatório ou linear em terapia.

Que público mais procura tratar suas fobias e ansiedade por meio da realidade virtual? Qual é o perfil mais aberto a essa abordagem?

Mulheres, sem dúvida, porque as mulheres no geral são mais abertas à terapia. Os homens ainda têm um pouco de receio de procurar ajuda, infelizmente. A faixa etária é de jovens profissionais até idosos. O que muda são os motivos da procura. Há quem tenha acabado de entrar em um emprego que vai exigir muitas viagens de avião, e por isso precisa superar a fobia. Há quem não aguente mais ter fobia de insetos, por exemplo, depois de uma vida inteira com isso dentro de si.

Fonte: www.mdemulher.abril.com.br

Açúcar do leite materno protege bebês contra infecções, dizem cientistas

Pesquisadores mostram que carboidratos também contribuem para ação protetora do leite materno. Achado pode levar a novas terapias antibacterianas.

Há muito tempo, a ciência já sabe sobre o papel benéfico do leite materno na imunidade do bebê. Na amamentação, por exemplo, sabe-se que há transferência de anticorpos e de importantes proteínas de ação antibacteriana.

Mas agora, cientistas da Universidade de Vanderbilt, nos Estados Unidos, perceberam que também os açúcares presentes no leite humano aumentam a proteção passada de mãe para filho.

Segundo pesquisadores, trata-se do primeiro mapeamento sobre a atividade antibacteriana de carboidratos presentes no leite humano. O estudo é particularmente importante porque esses açúcares, ao contrário da maioria dos antibióticos, não são tóxicos.

Os resultados da pesquisa foram apresentados no domingo (20) em reunião anual da ‘American Chemical Society’. O estudo foi coordenado por Steven Townsend, professor-assistente da Universidade de Vanderbilt.

Cientistas estavam procurando diferentes métodos para combater bactérias causadoras de doenças. Toda a ciência, na verdade, está em busca de novas estratégias porque há um problema crescente de saúde pública com o fenômeno da resistência bacteriana a medicamentos.

Pesquisadores, então, decidiram se concentrar sobre os açúcares – que até agora, por serem muito mais difíceis de estudar, foram alvos de poucos estudos.

Como foi o estudo

Primeiro, cientistas coletaram carboidratos de leite humano, também chamados de oligossacarídeos, de várias amostras de doadoras diferentes.

Depois, com uma técnica de espectrometria de massa — que ajuda a identificar moléculas por meio da análise de sua estrutura química – foram identificadas milhares de biomoléculas.

Em seguida, eles adicionaram essas moléculas em cultura de bactérias e observaram o resultado com um microscópio. Eles descobriram que os açúcares de uma amostra quase mataram uma colônia de estreptococo – bactéria comum que costuma ser a causa de diversas infecções em recém-nascidos. Nas demais amostras, houve pelo menos alguma efetividade.

Agora, com demais estudos, a ideia é identificar o que faz com que alguns açúcares sejam mais efetivos que outros e, com isso, desenvolver medicamentos a partir desse benefício do leite materno humano.

Fonte: www.g1.com.br

Psoríase: tudo o que você precisa saber sobre o assunto

A psoríase é contagiosa? Tem cura? Como é feito o tratamento? Tire toas as suas dúvidas.

A psoríase é um problema de pele que assusta muita gente. Por causa do aspecto semelhante ao da micose, diversas pessoas acabam achando que ela é contagiosa, mas isso não é verdade. Para tirar todas as dúvidas a respeito do assunto, conversamos com a médica Caroline Semerdjian, que é dermatologista do Hospital 9 de Julho, em São Paulo.

O que é a psoríase?

É uma doença infamatória da pele. “Se caracteriza por ter umas placas (lesões elevadas) que descamam e têm uma cor esbranquiçada”. Dependendo do caso, pode gerar coceira, mas isso não é regra.

Em que parte da pele costuma aparecer?

“Principalmente no couro cabeludo, cotovelo, joelho, região das costas, palma das mãos e sola dos pés”, cita a médica. Isso não significa que outras áreas também não possam desenvolver psoríase. A doença pode se manifestar até mesmo nas unhas.

O que causa esse problema?

“Não tem uma causa defina para a psoríase. O que a gente sabe é que quem tem psoríase também tem uma tendência a produzir mais queratina, que é uma proteína que deixa a pele mais grossa”. As crostas da psoríase nada mais são do que o excesso de queratina, segundo Caroline. Ela diz que é desconhecido o motivo pelo qual certas pessoas produzem mais queratina do que outras.

Como é feito o diagnóstico?

Por meio de biópsia.

Existe tratamento?

Sim. O tratamento pode ser feito com remédios de via oral, cremes e xampus ou por meio de radiação. Em se tratando de comprimidos, os mais utilizados são os compostos de Acitretina ou de Metotrexato.

A Acitretina é um derivado da vitamina A e o Metotrexato é um medicamento antifolato (que bloqueia o funcionamento das células) – esse medicamento também é usado no tratamento de alguns tipo de câncer, como a leucemia. Ambos atuam sobre a produção de queratina e são usados apenas em casos de psoríase intensa.

Cremes específicos, que devem ser aplicados nas lesões, também ajudam a dissolver o acúmulo de queratina. Eles geralmente são feitos em farmácias de manipulação e podem conter LCD (que é um derivado do carvão), uréia e ácido salicílico. Se as lesões estão localizadas no couro cabeludo, também existem xampus similares.

Outro tipo de tratamento é a fototerapia, que nada mais é do que a exposição da pele à radiação emitida por lâmpadas especiais.

Tem cura?

“A psoríase não tem cura, o que tem é o controle. Existem esses medicamentos que melhoram a qualidade de vida do paciente e que aliviam as lesões na pele. Mas, fatalmente, depois de um tempo ele vai acabar tendo uma crise de novo e vai ter que tratar novamente”.

Existem grupos de risco?

A dermatologista diz que não. “Todo mundo pode ter psoríase”. Mesmo assim, ela explica que o fator genético tem influência, que o problema é mais comum em homens do que em mulheres e que fumantes costumam desenvolver uma psoríase mais intensa do que os demais pacientes. Caroline também comenta que novas pesquisas estão investigando a maior probabilidade de psoríase em pessoas com diabetes.

O problema tem relação com a genética?

“Pode ter, sim, mas também pode não ter. Não é porque o meu pai tem psoríase que eu vou ter também, mas a probabilidade é maior”, diz a médica.

É contagioso?

Não. Por ter aspecto parecido ao de uma micose, muita gente acaba achando que a psoríase é contagiosa, mas não é.

É verdade que o problema tem fundo emocional?

Sim. Os chamados surtos de psoríase (que é quando a doença se manifesta na pele) muitas vezes estão relacionados a momentos de estresse intenso. Mas é importante lembrar que nem sempre o problema está atrelada a questões emocionais. No caso da psoríase gutata, por exemplo, o surto pode ser ocasionado por uma infecção na garganta.

O sol e o calor interferem na psoríase?

Sim. “O sol faz bem. Quando chega o verão e as pessoas começam a se expôr ao sol, os próprios pacientes já sabem que a psoríase melhora. E a gente também recomenda que eles tomem sol, pois os benefícios são comprovados”, garante a dermatologista. Ela diz que 15 minutos de exposição diária, no começo da manhã ou no final da tarde, são suficientes.

Fonte: www.mdemulher.abril.com.br

Pesquisas indicam que dieta menos calórica pode retardar efeitos do envelhecimento

Estudos mostram que mudança na alimentação ajuda a conter alterações no relógio biológico

Se fosse possível tornar real um elemento das histórias fantásticas, muita gente escolheria a fonte da juventude. Com os avanços da medicina, no entanto, isso talvez não seja mais necessário. Estudos desenvolvidos nos Estados Unidos e na Espanha mostram que uma dieta 30% menos calórica pode reduzir o envelhecimento por atuar positivamente sobre o relógio biológico.

Para estabelecer conexões entre o relógio biológico e o envelhecimento, os cientistas do Centro de Epigenética e Metabolismo da Universidade da Califórnia analisaram o tecido do fígado de dois grupos de camundongos aos seis meses e aos 18 meses de vida. O fígado foi o órgão escolhido por atuar na distribuição de energia do organismo.

Após o procedimento, os cientistas constataram que, embora o ciclo de 24 horas do sistema metabólico geral controlado pelo relógio biológico não tenha sofrido alterações nas duas fases da vida dos roedores, houve mudanças significativas no tecido do fígado: as células mais antigas do órgão processavam a energia de forma ineficiente. Depois, os médicos observaram outro grupo de camundongos submetidos a uma dieta 30% menos calórica, e ao fim de seis meses perceberam que a energia foi processada de forma mais estável, retardando o envelhecimento.

— Na verdade, a restrição calórica funciona rejuvenescendo o relógio biológico de uma maneira muito poderosa. Neste contexto, um bom relógio significava um bom envelhecimento — afirma Paolo Sassone-Corsi, diretor do centro de Epigenética e Metabolismo.

Funções inalteradas ao longo do tempo

Experimento parecido foi realizado por médicos do Instituto de Pesquisa em Biomedicina de Barcelona, mas, dessa vez, as estruturas analisadas foram células-tronco da pele de ratos. Assim como no estudo da Universidade da Califórnia, os cientistas espanhóis perceberam que a redução calórica fazia com que as funções rítmicas de estruturas relacionadas ao rejuvenescimento permaneceram inalteradas ao longo do tempo.

— A dieta com baixas calorias contribui muito para prevenir os efeitos do envelhecimento fisiológico. Comer menos parece evitar o envelhecimento dos tecidos e, portanto, evitar que as células-tronco reprogramem suas atividades circadianas— explica Salvador Aznar Benitah, que liderou o estudo espanhol.

Entre os mecanismos para reduzir o consumo de calorias na alimentação, os médicos apontam mudanças como a substituição de frituras por alimentos cozidos, além do aumento do consumo de frutas e vegetais em detrimento de comidas ricas em carboidratos como pães.

Para o médico Walmir Coutinho, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, é necessária uma mudança de hábitos:

— Há algum tempo se sabia que a restrição calórica era eficaz para aumentar a sobrevida, mas o motivo não era conhecido — analisa. — Esses estudos apontam para a relação com o ritmo circadiano e, assim, o que a pessoa pode tentar fazer é não sucumbir às armadilhas do meio ambiente moderno obesogênico, que conspira cada vez mais para todos ficarem com excesso de peso. Isso também depende de uma postura mais ativa das autoridades.

Fonte: www.oglobo.com

Alimentos e Insônia – Tenha um bom sono!

A insônia é uma desordem que afeta diretamente a qualidade de sono de um indivíduo, é considerada uma epidemia global, atingindo quase metade da população mundial.

E tem elevadas chances de ser transmitida ao longo de gerações por meio da hereditariedade. As causas variam de degeneração do tálamo, bloqueio de canais dependentes de voltagem em neurônios e baixa regulação de receptores de GABA no sistema límbico. A expressão genética também tem papel nesta condição, regulando a duração de sono. Enquanto que mecanismos moleculares tendem a atuar no relógio biológico em conjunto com o sistema nervoso acertando os períodos de sono.

Há variadas formas de tratamento desta condição, inclusive medicamentosa. Entretanto, o método de se aplicar alimentos funcionais como prevenção, foi pouco explorado até o momento.

A insônia instalada durante um longo período de tempo pode levar a importantes alterações na saúde, uma vez que o sono provoca efeitos na função cerebral. Uma privação de sono prolongada está associada com expressão de centenas de genes associados a inflamação, resposta imunológica e ao stress. Associada a diversas doenças, aumentando o risco para depressão, ansiedade e outras desordens psicológicas. Fibromialgia, doenças inflamatórias (artrites, artroses), dor de cabeça, demência, doenças cardiovasculares, obesidade, hipertensão e AVC. Além de estar associada a prejuízos na memória.  Dessa forma, nota-se que  um sono reparador, de qualidade e quantidade é essencial para qualidade de vida. Podendo ainda prevenir uma série de problemas de saúde.

A alimentação é uma ferramenta que promove efeitos diretos na qualidade de sono

Minerais como cálcio, magnésio e potássio estão associados com a melhora do sono. O triptofano, é precursor da serotonina, substância importante quando a questão é dormir. Também está associado a produção de melatonina, que junto da serotonina atuam no ciclo sono-despertar. Interessante ressaltar que para melhor aproveitamento de triptofano é indicado que este seja ingerido junto de carboidratos e aminoácidos neutros. Enquanto que alimentos com GABA, neurotransmissor associado a efeito inibitório no cérebro atua diretamente na promoção do sono. Esse nutriente está presente em grãos, trigo, arroz, que fazem parte da base da alimentação da maior parte da humanidade. Entretanto, no ato de se polir os grãos há perda significativa de GABA, magnésio e potássio. Podendo esta ser uma das razões pelo qual a insônia acomete tantos indivíduos atualmente ao longo do planeta. A deficiência leve de magnésio está associada ao aumento da inflamação e privação do sono.

Produtos ricos em açúcar, cafeína em excesso, chá verde, tem a tendência de contribuir para esta desordem de sono. Geralmente dietas com alto teor de açúcares simples tendem a reduzir a quantidade de horas dormidas. E, o sono curto pode reduzir a produção de leptina e aumenta a grelina causando aumento do consumo alimentar e energético, resistência a insulina e obesidade. Outro hábito que pode levar a insônia é o tabagismo.

A utilização de alimentos funcionais, cuja composição é rica em substâncias bioativas e nutrientes podem ser uma eficaz estratégia para promover melhora da qualidade de sono. Dentre eles há a Maca, produzida na China em altas altitudes. Tem propriedade medicinal relacionada a fertilidade, redução de glicose, pressão arterial, melhora de memória, ansiedade e depressão. Contém ácido hexadecanóico, cálcio e potássio promovendo melhora do sono.

O Panax ginseng tem efeito ansiolítico, a versão em extrato vermelha tem efeitos de melhora da insônia e apetite. O estudo recomenda a dosagem de 64g/Kg por 7 dias.

O cogumelo Lingzhi (Ganoderma lucidum) é usado na medicina chinesa, tem efeito tranquilizante, e ajuda a regular a produção de compostos inflamatórios. Tem aproximadamente 400 compostos bioativos, dentre eles vários que atuam no sono.

Aspargos em pó demonstraram efeito promissor em ratos, melhorando o estado de sono dentro de uma desordem.

Cevada é riquíssima em GABA, Magnésio e vitaminas do complexo B, superando significativamente outros grãos como o arroz. Está fortemente associado a boa qualidade do sono.

Uma dieta com base em vegetais e frutas está relacionado a noites de sono de 8h ou mais. Sendo que em alimentação reduzida nesse grupo alimentar e de peixes há a tendência de se dificultar o momento de dormir. Alguns alimentos como alface, cereja, nozes e kiwi podem atuar positivamente na prevenção da insônia. Devido a seus componentes bioativos e nutrientes que promovem o sono e tem eficácia em desordem de sono.

Leite consumido a noite também tem a tendência de atuar positivamente no ato de adormecer, devido ao seu conteúdo de metanonina e cálcio. Além desses alimentos, há uma grande variedade de alimentos funcionais cujo efeito na insônia ainda não foi elucidado.

A utilização de alimentos funcionais como prevenção de doenças crônicas também é considerada uma estratégia para combater a insônia. Uma vez que a desordem do sono provoca uma série de alterações metabólicas. Promovendo a busca de intervenções terapêuticas de tratamento e prevenção contra obesidade e diabetes melhorando a qualidade de sono.

Artigo escrito pela Dra. Mirtes Stancanelli, Nutrição

Fonte: http://www.brazilhealth.com