Brasil ganha remédio para malária após 70 anos sem novidades no tratamento!

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o registro de um novo remédio para malária: a tafenoquina, fabricada pela farmacêutica GlaxoSmithKline (GSK). Trata-se de uma versão da primaquina, um princípio ativo utilizado há décadas contra a doença.

“É a primeira vez em quase 70 anos que temos um novo medicamento contra a malária vivax (tipo mais comum no Brasil)”, declarou à imprensa o médico Dhélio Batista Pereira, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), de Rondônia. Aliás, essa instituição brasileira participou dos estudos clínicos que comprovaram os benefícios da tafenoquina — entre eles, a maior facilidade no tratamento.

Tomada em dose única, a droga age por um período superior a 20 dias, com alta chance de cura total. Isso ajuda na adesão. O esquema tradicional exige seguir um tratamento por até 14 dias. Como a pessoa começa a se sentir melhor durante esse período, tende a abandonar os remédios, o que aumenta o risco de recaída da doença.

A tafenoquina foi aprovada nos Estados Unidos em julho de 2018 — o Brasil é o primeiro país com malária endêmica a autorizar sua distribuição.

Curiosamente, essa droga é conhecida há pelo menos 30 anos. Mas os estudos só deslancharam depois de uma parceria firmada entre a GSK e a organização não-governamental Medicines for Malaria Venture (MMV), financiada pela Fundação Bill e Melinda Gates.

Quando o novo remédio chega no SUS?

O medicamento ainda passará por um estudo que avaliará sua implementação no Sistema Único de Saúde. Isso porque alguns pacientes não podem tomar a tafenoquina — e é necessário fazer um exame para distingui-los.

Explica-se: antes de receitar a medicação, o doutor precisa dosar a atividade de uma enzima, a G6PD, no organismo da pessoa infectada. Se o resultado apontar deficiência no trabalho dessa molécula, uma condição apresentada por 5% dos brasileiros, o remédio é contraindicado.

“O déficit pode provocar efeitos colaterais”, pontuou Pereira, em um informe divulgado pela Fiocruz. A ideia da pesquisa, portanto, é verificar a viabilidade de oferecer o teste como parte do tratamento no SUS. Com essa informação em mãos, daria para escolher a melhor estratégia.

O que é a malária e qual seu panorama?

Essa infecção é transmitida pelo mosquito-prego, que gosta de regiões de mata. Ela é causada por um protozoário e dispara febre alta, dores de cabeça e calafrios. Nas situações mais graves, o paciente sofre com convulsões, hemorragias, perda de consciência — há risco de morte.

Apesar de distante dos holofotes, a malária não foi controlada. Houve progresso em regiões como o sudeste asiático, mas há muitos casos na África. O Brasil, por sua vez, teve um aumento na incidência da enfermidade nos últimos anos.

Em 2014, 143 mil episódios foram registrados no país. Em 2018, o número saltou para quase 195 mil, de acordo com o Ministério da Saúde. Mais de 99% das ocorrências estão concentradas na região amazônica.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) conduz uma força-tarefa para reduzir a incidência e a mortalidade por malária em 40% no mundo até 2020. Em 2017, o ano com estatísticas globais mais recentes, a entidade calculou 217 milhões de casos e mais de 430 mil mortes no planeta.

Fonte: Brasil ganha novo remédio para malária

Mais de 2,2 bilhões de pessoas não enxergam direito no mundo, segundo OMS

A Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou seu primeiro relatório sobre a visão da população global. A entidade estima que ao menos 2,2 bilhões de pessoas têm algum déficit nesse departamento. E quase metade — 1 bilhão de casos — são evitáveis ou passíveis de correção.

Moradores de áreas rurais, famílias de baixa renda, mulheres, minorias étnicas e populações indígenas são os mais atingidos pela dificuldade de acesso a tratamentos. No total, 65 milhões de indivíduos estão cegos ou enxergam muito mal por causa da catarata, que é operável, e 800 milhões sequer conseguem adquirir óculos.

“Isso é inaceitável. A inclusão de atendimento oftalmológico é uma parte importante da jornada de todos os países em direção à cobertura universal de saúde”, afirmou, em comunicado à imprensa, Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.

Mas não é só a condição socioeconômica precária que ameaça a vista.

A miopia está crescendo

Mudanças no estilo de vida são apontadas como causadoras de problemas como a miopia, que embaça objetos enxergados à distância. A OMS estima que o número de casos saltará dos 1,95 bilhão atuais para 3,36 bilhões em 2030.

Segundo a entidade, um dos responsáveis por esse cenário é a disseminação de atividades que fazem os olhos constantemente se focarem em objetos muito próximos. Mexer no computador ou no celular, ver TV, jogar videogame e até ler estão entre essas práticas. Isso porque passar horas mirando algo de perto pode alterar o mecanismo de acomodação ocular, que é o ajuste de foco para perto ou longe.

Fora que o uso desse tipo de dispositivo eletrônico está associado a uma vida mais restrita a ambientes fechados. E a luz solar ajuda o corpo a produzir substâncias que impedem o crescimento axial do globo ocular — uma alteração que leva à miopia.

Por isso, a OMS coloca o tempo ao ar livre como uma estratégia para manter a visão tinindo. Não estamos falando de sair por aí e encarar diretamente o sol. O relatório da organização defende a utilização de óculos escuros — até entre crianças — para evitar danos da radiação ultravioleta.

 

Problemas da idade

No texto, a entidade destaca o envelhecimento populacional como outro enorme fator de risco para diversas doenças oftalmológicas. Em 2030, teremos 1,4 bilhão de pessoas maiores de 60 anos no mundo — agora são 922 milhões.

Até lá, condições favorecidas pelo avançar dos anos devem disparar. O glaucoma, maior causa de cegueira irreversível do planeta, atingirá 76 milhões de indivíduos. A degeneração macular relacionada à idade, que não cega, mas atrapalha a vida, alcançará quase 196 milhões de idosos. E cerca de 2 bilhões serão afetados pela presbiopia, a popular vista cansada.

Além dos aspectos biológicos, os autores pontuam que o pessoal mais velho tende a cuidar menos dos olhos, frequentemente por pensar que a perda de visão é parte natural do envelhecimento. Só que muitas dessas encrencas podem ser tratadas, devolvendo a qualidade de vida.

Consultas regulares ao oftalmologista e bons hábitos ajudam até a impedir que algumas delas apareçam. Em uma reportagem que fizemos anteriormente, você saberá como cuidar bem dos olhos.

 

Fonte: 2,2 Bilhões de pessoas não enxergam direito no mundo